domingo, 24 de junho de 2012

Solenidade da Natividade de São João Batista


O Evangelho conta o nascimento de João de maneira maravilhosa, pois a sua missão é nobre e veio para anunciar a vida nova e melhor para o povo. Por meio da pregação e do batismo, preparou o povo para acolher a mensagem da libertação. Como precursor de Jesus Cristo, preparou os caminhos e conduziu as pessoas ao conhecimento e à experiência da misericórdia e da salvação (cf. Lc 1,77-78). Com sua atividade, indicou o Cordeiro já presente no meio do povo (cf. Jo 1,29-34).
Todo nascimento é considerado milagre da ação de Deus, o Senhor da vida. E, no caso de João, é também sinal da intervenção de Deus em favor do povo e pobre e escravizado. O seu nascimento é celebrado como a realização da promessa anunciada pelo mensageiro de Deus a Zacarias (cf. Lc 1,13). Deus socorre o povo e transforma a humilhação da esterilidade em vida.
Isabel, como tantas outras mulheres da época, acreditava que sua esterilidade era sinal do desfavor divino. Semelhante a Sara, mulher de Abraão, ela gerou um filho, apesar da idade avançada e da esterilidade, e recuperou, assim, a esperança do povo. O nascimento de João é motivo de alegria e de festa, porque Deus ouve as súplicas e socorre as pessoas pobres e aflitas. “Os vizinhos e parentes ouviram quanta misericórdia o Senhor lhe tinha demonstrado, e se alegravam com ela” (Lc 1,58).
Os vizinhos e parentes participam da salvação e se alegram com Isabel pela manifestação da bondade do Senhor. O anjo predissera que muitos se alegrariam por ocasião do seu nascimento (Lc 1,14). O menino “será grande diante do Senhor”. A mãe diz que o menino se chamará João. O Deus, que conduz a história, age e ilumina também na hora da escolha do nome. João é um nome significativo, carregado de promessas: o Senhor é favorável, tem compaixão, é misericórdia.
O nascimento de João é uma manifestação da bondade e misericórdia de Deus para os oprimidos. Zacarias, repreendido pela mudez, é símbolo da situação do seu povo. Recupera a palavra, mostrando que os fatos se realizam segundo a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor liberta, abre a boca, solta a língua para que as pessoas possam louvar e profetizar.
Zacarias bendiz o Deus misericordioso e compassivo, que se preocupa com a vida do povo. O Espírito de Deus ilumina, ajuda a descobrir os sinais da salvação nos acontecimentos. Deus renova as promessas, a aliança feita com Abraão. Agora, Ele faz nascer um menino que será chamado profeta do Altíssimo e andará à frente do Senhor, para preparar o caminho e anunciar a salvação ao povo (cf. Lc 1,68-79).
Estes versículos, que formam o cântico do Benedictus, expressam o louvor, ação de graças pela salvação de Deus, realizada ao longo da história. Embora não seja lido no Evangelho de hoje, o cântico de Zacarias ajuda a entender o significado profundo do nascimento do precursor de Jesus.
Tudo isso mostra que João é sinal do favor divino: “A criança crescia e seu espírito se fortalecia” (Lc 1,80). Podemos comparar este versículo, sobretudo, com 1Sm 3,19. João vai crescendo, passando da infância para a juventude e, aproximadamente 30 anos mais tarde, assume seu lugar no deserto e o seu aparecimento na historia como precursor de Jesus (cf. Lc 3,1-3).
A primeira leitura pertence à segunda parte do livro de Isaías (cap. 40 a 55), denominada também Segundo Isaías. O texto de hoje, que forma o segundo cântico do Servo Sofredor, destaca especialmente a missão do Servo. A sua vocação lembra a do profeta Jeremias. “Desde o seio materno, o Senhor me chamou, desde o ventre de minha mãe, já sabia meu nome” (49, 1; cf. Jr 1,5).
Deus o chamou para realizar seu plano de salvação. A Palavra de Deus torna a língua do Servo como “espada afiada” (49,2), para que possa “construir e plantar” (Jr 1,10), e anunciar a libertação. A Palavra, que não volta sem cumprir com sucesso sua missão (cf. 55,11), ilumina e sustenta a caminhada.
O Servo ensina a colocar a vida nas mãos de Deus, a confiar unicamente nele para obter êxito na missão. Deus defende seus escolhidos, auxiliando-os em todos os momentos. O Senhor forma as pessoas desde o ventre materno, a fim de que possam ser “luz para as nações” (49,6).
O Servo, mediante palavras e testemunho de vida, devolve a esperança aos cativos e aos oprimidos, dizendo: “Vinde para a luz!” (49,9). AS nações solidárias e servidoras da justiça contribuem para que os olhos dos cegos sejam abertos (cf. 42,7). Assim, a salvação de Deus chega até os confins da terra, e todos “terão o que comer, em qualquer chão seco poderão se alimentar” (49,9).
O Salmo responsável é composto por versículos tirados do Sl 138(139). É uma reflexão sapiencial sobre a esperança e o conhecimento de Deus. O salmista louva e agradece ao Senhor por sua infinita misericórdia, por criar o ser humano e cuidar dele com ternura desde o ventre materno.
A leitura dos Atos dos Apóstolos destaca o anúncio que Paulo fez de Jesus Cristo em Antioquia da Pisídia, hoje a Turquia. O texto recorda momentos importantes da história da salvação, que culminaram com a vinda de Jesus Cristo. O Salvador do povo, Jesus, é descendente de Davi. Sua chegada, seu ministério foi preparado por João Batista.
Ele preparou o caminho de Jesus, “proclamando um batismo de conversão” (13,24). Todas as pessoas são chamadas a mudar de atitudes, a agir conforme o projeto de Deus. A atividade e o testemunho de João têm muita importância, pois ele anunciar aquele que vem para salvar toda a humanidade. A mensagem da salvação é anunciada a todos os que temem a Deus (13,26). Trata-se da Boa Nova de Jesus Cristo: sua vida doada por amor até a morte e ressurreição.
(Texto de D. Vilson Dias de Oliveira, Bispo da Diocese de Limeira. Leia na íntegra: http://www.magnificatfm.com.br/site/?p=1493

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