quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vamos sentir saudades, Bento XVI!


Naquele dia 19 de abril de 2005, eu morava em Curvelo/MG e estava ainda profundamente triste pela perda de um grande amigo: João Paulo II. Quando vi o brasão do Cardeal Ratzinger - Papa Bento XVI - sendo baixado na janela da Praça São Pedro, pensei:

- "Certamente, não será o Papa mais simpático, mas, a Virgem Maria escolhe bem os seus filhos, ele será firme para guardar o Depósito da Fé neste tempo de mar tão tempestuoso."

Então, dois anos depois, um grande presente que jamais esquecerei foi o convite para o Encontro de Jovens no Pacaembu (10/05/2007), gentilmente cedido a mim por D. Nelson Westrupp, nosso Bispo Diocesano de Santo André. Neste dia, descobri que por trás de um rosto tímido e sisudo, havia um Papa que claramente mostrava um enorme carinho pelos seus jovens e pelo povo brasileiro. Sorria, acenava, quebrava todos os protocolos, abençoava a multidão a cada vez que passava pela janela do Mosteiro de São Bento, deixava a segurança apavorada ao abaixar os vidros do papamóvel... 

Sua mensagem forte e apaixonada, dizia-nos: 


"(..)Meu apelo de hoje, a vós jovens, que viestes a este encontro, é que não desperdiceis vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente! Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana! Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada! (...)"  


Agora, sentirei saudade deste amigo alemão, tímido, mas todo coração com seus filhos; com sabedoria e pulso forte, para dizer o sim e o não na hora certa. Ele conduziu a Barca de Pedro nos últimos 8 anos, sem permitir que as ondas do mar a agitassem. O que mais eu poderia dizer? Obrigada mais uma vez, Bento XVI!

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AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2013



Queridos irmãos e irmãs,

No dia dezenove de abril de dois mil e cinco, quando abracei o ministério petrino, disse ao Senhor: «É um peso grande que colocais aos meus ombros! Mas, se mo pedis, confiado na vossa palavra, lançarei as redes, seguro de que me guiareis». E, nestes quase oito anos, sempre senti que, na barca, está o Senhor; e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas do Senhor. Entretanto não é só a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na condução da barca de Pedro, embora lhe caiba a primeira responsabilidade; e o Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e sustentaram. Porém, sentindo que as minhas forças tinham diminuído, pedi a Deus com insistência que me iluminasse com a sua luz para tomar a decisão mais justa, não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas com uma profunda serenidade de espírito.
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Amados peregrinos de língua portuguesa, agradeço-vos o respeito e a compreensão com que acolhestes a minha decisão. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja, na oração e na reflexão, com a mesma dedicação ao Senhor e à sua Esposa que vivi até agora e quero viver sempre. Peço que vos recordeis de mim diante de Deus e sobretudo que rezeis pelos Cardeais chamados a escolher o novo Sucessor do Apóstolo Pedro. Confio-vos ao Senhor, e a todos concedo a Bênção Apostólica.
(Retirado do site do Vaticano)

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