domingo, 5 de agosto de 2012

XVIII Domingo do Tempo Comum


Aquele povo que tinha saído da escravidão do Egito reclamava de Moisés e Aarão, murmurava... "Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Por que nos trouxestes a este deserto para matar de fome a toda esta gente? No primeiro sinal de dificuldade na caminhada no deserto, o povo se esquece de ser grato a um Deus que salva e transforma a vida. Isto me parece bem familiar, pois várias vezes me peguei fazendo isso. Na hora da alegria, é fácil; o difícil é louvar a Deus nas tribulações. O que estou aprendendo no decorrer dos anos: temos que abrir os olhos espirituais para "ver além do deserto". Além do sol, da areia e da sede, dos quarenta anos vagando em círculos, lá no final, estava a Terra Prometida. Assim também na vida, não podemos parar nos obstáculos e sim prestar atenção no cuidado que Deus tem conosco durante o caminho e confiar Nele, que é Pai, e sempre quer o nosso bem.  Vemos que a resposta do Senhor a esse episódio não foi a de castigar os israelitas, mas enviar-lhes o maná como um estímulo para que crescessem na fé, pois aquele alimento "era o pão de cada dia", não podendo ser armazenado para o dia seguinte.


São Paulo exorta: "Renunciando à vossa existência passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade.
Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade."

O convite está feito... Não precisa dizer mais nada!



O judaísmo da época, apoiando-se na promessa de Ex 16, 4, esperava que, com a vinda do Messias, se renovariam os prodígios do Êxodo; daí as palavras de Jesus: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. Vê-se que os protagonistas da passagem bíblica estavam falando uma linguagem diversa daquilo que Jesus procurava mostrar. Enquanto eles vinham atrás do pão da multiplicação, dos sinais físicos e da restauração política do reino, Jesus falava do Pão da Vida, do alimento para a alma, da vida eterna e do Reino dos Céus.

A conversa continua: "Então perguntaram: 'Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?' Jesus respondeu: 'A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou'”.

Acreditar não consiste em estar convencido da existência de Jesus. Implica a opção de unir a própria vida à d’Ele, no dom de si aos irmãos.

O povo então, continua pedindo sinais; mais uma vez, retorno à vida e reflito: por que temos tanta necessidade de provas e prodígios? Muitas vezes é tão difícil para o ser humano crer no que não é palpável, testado e provado cientificamente! É mais fácil acreditar num Jesus que realiza milagres do que aquele Jesus que está esperando na Santa Missa; mas a fé é "ver além do deserto", é confiar naquilo que não vemos, porém com a certeza de que este Jesus humilde, que se faz pão, nos ama e não nos desampara. Toda Santa Missa, em qualquer lugar do mundo, mesmo na capela mais simples, sempre será lugar de cura e libertação.

É exatamente essa a beleza do Evangelho de hoje. Jesus anuncia: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Na simplicidade das espécies do pão e vinho, o próprio Filho de Deus se faz presente.

Veremos então, um pouquinho daquilo que a Igreja nos ensina:

“Na Santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo” . (PO, 5).

"A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de acção de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja". (CEC 1407)

"Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da glória junto d'Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos". (CEC 1419)

Eu creio, Senhor, mas aumenta a minha fé! Dai-me olhos espirituais para "ver além do deserto", um coração novo para lutar pela santidade e justiça no dia a dia e perseverança para os momentos de tribulação. Amém!

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