quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Maturidade na amizade - Pe. Fábio de Melo

Uma das características da infância é a incapacidade de dividir coisas. A maturidade acontece quando tomamos posse do que nós somos, para aí, então, poder nos dividir com os outros. Isso faz parte do processo de maturidade; um processo lento, chato e demorado, no qual não podemos queimar etapas.

Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento em que começa a brincar. Você começa a identificar a maturidade dela a partir do momento em que ela consegue perceber as regras de um joguinho.

Nascemos amando de um modo contrário, isto é, querendo ter posse dos outros. Essa é a forma de amar da criança, pois ela não consegue pensar de maneira diferente. Ela não consegue entender que o outro não é dela. E quantas pessoas já adultas ainda pensam assim, trata-se da incapacidade de amar, falta-lhes maturidade.

Amar alguém é viver o exercício constante de não querer fazer com que ele seja como nós gostaríamos que ele fosse. A experiência de amar e ser amado é acima de tudo a experiência do respeito. Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer dele uma representação daquilo que me falta. Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Isso não é amor, isso é coisa de criança.

Todos os encontros de Jesus levam à implantação do Reino de Deus. Mas só pode implantar esse reino quem é adulto e já entende que só se começa a amar a partir do momento em que nós não queremos mudar a quem amamos.

Jesus não tinha o que temer porque era puramente bom, por isso, contagiava os que estavam ao seu lado. Geralmente quando tememos alguém ruim ao nosso lado é porque nos reconhecemos naquela pessoa. Na maturidade de Jesus você encontra a capacidade imensa de amar o outro como ele é.

Quando falamos em amar os outros, podemos perceber o quanto deixamos de ser crianças. Por essa razão, devemos nos questionar a todo o momento quanto à nossa maturidade.

A santidade começa na autenticidade. Por isso, Jesus nos pede para sermos como as crianças, que são verdadeiras e simples. É isso que devemos manter da nossa infância e não a forma de possuir as coisas para si.

Você tem condições para perceber sua própria maturidade. A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos. As pessoas imaturas querem modificar os fatos; por outro lado, as pessoas maduras deixam que os fatos as modifiquem. Um imaturo ganha um limão e o chupa fazendo careta. O maduro faz uma limonada com o limão.

É o processo de maturidade na amizade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Muitas vezes, os nossos relacionamentos de amizade são verdadeiros fracassos porque somos imaturos. Amigos não são o que imaginamos. Eles têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não os trocamos por nada deste mundo. Isso porque não temos medo dos defeitos dos outros, pois sabemos que tais defeitos não serão espelhos para nós. Nós seremos para nossos amigos um instrumento de Deus para que eles superem essas limitações.

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